Nestes últimos dias temos visto os diversos conflitos nos países árabes regidos por ditaduras de década. Os revolucionários rebeldes líbios avançam com sucesso na capital do país, subjugando as forças militares de um chefe de Estado a beira da derrota final.
Entretanto, um fato me chamou atenção nos noticiários sobre a Líbia, pois me fez lembrar de ensinamentos muitas vezes negligenciados no convívio social diário. O ex-Primeiro Ministro do país, que aderiu ao movimento rebelde e se tornou proeminente e respeitado líder do conselho de transição, ameaçou renunciar a seu cargo como forma de protesto contra os atos de vingança cometidos pelos soldados rebeldes. Tal fato ecoou nas manchetes dos jornais com um tom diferente do normal, exalando uma perspectiva mais intensa do que uma simples notícia.
Entretanto, um fato me chamou atenção nos noticiários sobre a Líbia, pois me fez lembrar de ensinamentos muitas vezes negligenciados no convívio social diário. O ex-Primeiro Ministro do país, que aderiu ao movimento rebelde e se tornou proeminente e respeitado líder do conselho de transição, ameaçou renunciar a seu cargo como forma de protesto contra os atos de vingança cometidos pelos soldados rebeldes. Tal fato ecoou nas manchetes dos jornais com um tom diferente do normal, exalando uma perspectiva mais intensa do que uma simples notícia.
O que se vê no senso comum é que ao final dos conflitos se faz necessário que as agressões cessem em nome da paz. As guerras civis, sejam elas motivadas por questões ideológicas ou étnicas, sempre deixam marcas nas pessoas que por ela foram afetadas, pois o nosso inimigo pode ser o nosso vizinho, nosso amigo, nosso irmão. Em países em que o conflito é recente ou presente é comum existir entre conhecidos ódio nascido no calor das batalhas. Imagino o quanto seria difícil saber que o vizinho assassinou um ente querido meu em um conflito armado.
O pedido do ex-Primeiro Ministro da Líbia feito aos rebeldes para que cessem os atos de vingança, ecoa como uma chamada ao perdão. Perdoar aqueles que, outrora eram nossos inimigos em virtude do flagelo da guerra cruel, que impõe inimizade entre as pessoas, pasmem, em “benefício” da paz.
Talvez o político líbio não saiba, mas essa chamada ao perdão aos nossos inimigos é antiga e tem aproximadamente 2000 anos, quando Jesus, andando entre nós, nos ensinou a perdoar nossos inimigos, a dar a outra face e a ser generoso no tocante ao perdão.
Mateus 5:38-48
"Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente’.
Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra.
E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa.
Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas.
Dê a quem lhe pede, e não volte as costas àquele que deseja pedir-lhe algo emprestado".
"Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’.
Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem,
para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.
Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso!
E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso!
Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês"
O remédio para a cura de uma nação é o perdão ensinado por Jesus, o amor ao inimigos, ou seja, nadar contra a corrente do senso comum.
Nós, cristãos, pregamos o evangelho de Jesus Cristo, sua cruz e sua ressurreição como sinal de um Reino perfeito em que podemos depositar nossa esperança para além da morte. Entretanto, ensinar Jesus não está limitado ao fato da ressurreição pois a ressurreição nada mais é do que a consumação do propósito de Jesus encarnado, que é precedida por sua vida e ensinamentos. Seria simplista demais nos dedicarmos a saber como e porque Jesus morreu e ignorar como Ele viveu.
Jesus tinha como objetivo claro a reconciliação de toda a criação com Deus, redimindo a ofensa do pecado. O Ministério da Reconciliação foi registrado pelo Apóstolo Paulo na segunda carta aos Coríntios.
II Co 5.17-21
Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!
Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação.
Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus.
Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus.
Para que uma guerra civil acabe, é necessário que o perdão se manifeste no coração do homem para que cesse os ataques de ambos os lados.
Hoje, que o chefe Líbio clama é por perdão, por reconciliação, por Jesus. Ainda que ele nem imagine onde esteja ou quem seja Jesus, no curso da sua história de vida, diante do caos e da morte, acabou por encontrá-lo e chamou por Ele, na esperança que sua terra, o seu país e a sua casa possam encontrar a paz. A criação geme pela manifestação de algo que traga solução para um mundo decadente.
Romanos 8.19-23
“A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à futilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.
Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo.”
Assim como um povo marcado pela guerra, nós também fomos ou somos marcados pela violência do dia a dia, travamos nossas guerras nos nossos lares, no círculo social, na comunidade cristã, no ambiente profissional. A inimizade entre nós é a guerra entre o pecado e a justiça, entre a carne e o espírito.
Aquilo que nos separa, e nos faz contender com o outro, é a maldição do pecado que se traveste de orgulho, inveja, rancor, maldade, ambição, corrupção, avareza, ira, etc.
Para que cessem os conflitos entre nós é necessário perdoar, dizer não a vingança, ainda que ela se manifeste através da indiferença.
Só o amor é capaz de construir as pontes que a guerra civil do pecado destruiu.
Por Diogo Pereira